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segunda-feira, 12 de maio de 2014

Uma boa razão para sermos mais INCOMODADOS


Finalmente após algumas semanas sem escrever, você (caro leitor(a) inteligente) devem ter sentido minha ausência por aqui. Eu também senti falta daqui, então para alegria ou não de você, voltarei a postar alguns textos e reflexões.


Hoje a minha abstinência pelas palavras caiu por terra. Quero compartilhar algo com você.

Me responda o seguinte, não sei se senti ou já sentiu o mesmo, mas deixar de escrever anda me incomodando bastante. Já te incomodou alguma vez isso?



Tento entender da onde vem essa necessidade doida de expurgar as palavras para fora. Outro dia uma colega da faculdade me perguntou por que escrevo? Não soube responder direito. Acho que não tem uma explicação exata para esta questão. Então não me pergunte sobre isso!

Contudo, mesmo após a minha última publicação, comecei a pensar (mesmo que discretamente) sobre numa frase muito interessante, que acabei escutando inúmeras vezes num show incrível de uma das bandas mais escutadas por mim ultimamente, O Teatro Mágico.

O show em questão, o DVD recombinando atos (para quem quiser tem no youtube), trás uma mistura das melhores músicas ( e algumas novas) da trajetória de 10 anos da banda. Num determinando momento, logo no início, o vocalista Fernando Anitelli prefacia a seguinte ideia:

“Sabem que a batalhe é sempre permanente, constante, e isso nos torna sempre incomodados... isso é fundamental, a gente precisa tá dessa maneira para sempre poder “se amadurecer”.

Sempre incomodados, uma ótima questão para uma reflexão!

O sentido que o cantor quis dizer e a interpretação que dou para ela, creio que é no sentido de evolução constante da  própria nossa vontade.

Vivemos nessa busca alucinante chamada vida, queremos sempre o melhor e ser o melhor, o melhor emprego, melhor namorada(o), melhores condições de vida, mais inteligência etc.. Porém, o que me deixa bastante intrigado, é que não sabemos exatamente porque queremos tudo isso. O que faz a gente querer alguma coisa ou alguém? (Se você souber me conte depois).

O fato é que nem sempre estamos dispostos a entrar fundo numa nessas jorradas. Se é que precisamos ter tudo isso mesmo para poder expressar algum traço de felicidade. Creio que não.

Entretanto, sinto que essa grande ilusão de busca, tem muito haver com a disputa acirrada desenvolvida dentro mundo capitalista. Quanto mais si tem, mais si é? Essa não é lógica?

Claro, podemos analisar por outros viés, porém vamos referir ao aspecto econômico num primeiro momento, e depois numa vertente existencial, (para deixar claro minha posição não sou contra o capitalismo mesmo enxergando várias lacunas obscuras) vejo que alguns efeitos desses contagiam a nossa vontade e principalmente nossos desejos, em busca de algo ou de alguma coisa, que a princípio não queríamos. O que me deixa triste é que não percebemos.   

No mundo movimentado pelo capital, a exigência massiva de entrega dos resultados (famoso pragmatismo), impera quase que sinergicamente entre as pessoas. Essa tal busca por melhores oportunidades, faz com que elas saiam de sua zona de conforto e busquem novos parâmetros. O sentindo de “incomodado” pode ser bom nesse sentido, pois obriga a pessoa (profissional) a melhorar a cada dia que passa.

O grande problema é que grande parte depois de algum tempo, se acomoda na margem rasa chamada mediocridade. O ponto menos fundo é sempre mais cômodo, não exige. Pode reparar, não é atoa que uma imensa maioria anda fazendo exatamente isso, ficando na margem.

Fico pensando, onde foi parar a vontade e o tesão do inicio, que logo depois de um tempo, some ou desaparece.

O problema talvez não seja isso, mas sim somos preguiçosos por natureza, só não admitimos. Compartilho desse pensamento, “Somos fracos de vontade”, como dizia o Prof. Antropólogo Luiz Marins em suas brilhantes palestras.


O sentido da incomodidade talvez esteja enraizada nessa questão existencial, do querer da nossa vontade íntima, do nosso estigma escondido, de querer evoluir para um estágio melhor. Como diz o trecho "é fundamental que estejamos sempre assim", é nisso que eu creio, numa incomodidade constante, porém que seja consciente e alinhada a sua vontade, sem deixar de lado, claro, a nossa autenticidade.  

Por isso lembre sempre de estar nessa estado de incomodidade.   

Quando estamos instigados a querer sempre o avanço, o espaço intermediário para coisas banais e fúteis, como falar mal dos outros ou correr atrás de quem não merece, ou perder tempo com babaquices, acaba sendo insignificante. Nossos olhos já não querem mais observar esse tipo de cretinice.

A inconformidade nos deixa seletivos, não só nas relações, mas como troca de ideias e experiências, ainda mais em relação à observações sobre os outros. São nessas raras visualizações, que descobrimos algo muito interessante. Algo que sabiamente o cantor nos disse anteriormente.

Isso podemos dar o nome de amadurecimento?
Com toda razão caro leitor(a)!