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quinta-feira, 24 de abril de 2014

Você acha que tem pose do quê?



Diferente de outras situações, hoje fui abordado no elevador por um simpático senhor, um homem negro, devia ter seus 45 anos, baixa estatura, me indagou logo após que entramos no tal elevador, se eu era artista.
Fiquei surpreso com a pergunta, e respondi gentilmente que não. Ele novamente insistiu e dessa vez me perguntou se eu era músico. Outra vez respondi que não.

Apesar de sentir todo o espanto dessas perguntas, o senhor jurava que eu tinha pose de ser alguém famoso ou alguém relacionado com as artes. Segundo esse tal senhor, o meu cabelo denunciava essa minha falsa pose. (Não aguentei, dei risada)

De fato, meu envolvimento com as artes é mais particular. É uma relação mais interna de estudo e admiração, nada tinha haver com a suposição do tal senhor.

O tempo passou, e mesmo estando em sala de aula escutando os professores, fiquei com essa situação inusitada na cabeça. O tal senhor (que esqueci de perguntar o nome) por alguma razão, me subjugou  sem ao menos me conhecer.  Por mais que o clima fosse de brincadeira, fiquei pensando o porquê dele ter feito isso.

Quebrar o gelo? Pode ser, creio que foi mesmo, mas o que mais me injuriou foi o a forma como ele olhava para mim. Seus olhos escuros num tom de espanto, tentavam adivinhar o meu estilo como pessoa.

Engraçado, eu mesmo tento fazer isso com os estranhos da rua. Fico tentando descobrir a qual categoria o e imaginando a qual grupo aquele individuo pertence. Tem pessoas que são boas nisso. Eu não quase nunca acerto. Algo dentro de mim não quer ficar criando falsas imagens ou meros devaneios.

Seja sincero, você também tentar fazer isso?

Contudo, pensar sobre as poses ou falsas poses da trabalho. A maioria das pessoas vivem encenando poses. Você já parou para pensar qual seria a sua pose? O que outros pensavam quando olham para você? Qual pose eles imaginam? Qual é a sua representatividade? Aquilo que você passa, é aquilo que você é?

São perguntas interessantes. O fato de imaginarmos uma coisa e representarmos outra, chega a ser bastante contraditória. Claro, no mundo dos palcos e essencialmente no teatro, essa ideia é facilmente conectada pelos atores. O curioso é que tem pessoas que poderiam ser grandes atores e nem sabem.  Vivem e manipulam tão bem essa contradição, que quando descobrimos a sua falsa pose, contraditoriamente não sabemos o que é verdadeiramente real.

Mais viver de poses vale a pena? 

São fatores complexos que envolve essa pergunta. Antes disso deveríamos nos perguntar qual é o beneficio dessa tal pose.  Um exemplo para melhorar nossa reflexão, seria a vida de um artista, como sabemos ele vive da sua pose(fama) para trabalhar. Nesse caso, tudo bem? Você concordaria? As línguas afiadas discordariam!

Outro exemplo clássico, é a pose política. Quem melhor representa esses papeis de pose si não nossos caros e ilustres representantes do poder? Aliás, eles e seus assessores são tão bons nisso que criam uma pose tão linda, que no final, você até acredita (só que não) hahaha.

Nesse caso, o sentido da pose é bem visível. Poderíamos dar inúmeros exemplos de pessoas que entram em suas poses. A status profissional é também uma pose, já parou para pensar nisso?

A pose é apenas uma “representação” no sentido literal da palavra. Representações fogem do que somos, é uma falsa realidade. Se buscamos viver de maneira autêntica e singular, o sentido da pose não tem espaço nesse contexto. Mas como vivemos em tempos de pura representação, ser singular nesse contexto, é desempenhar uma pose bem difícil de encarar.

Porém, uma dica, não faça igual o senhor do elevador, pois si não, poderei imaginar qual é a sua pose... (e quem sabe, com muita sorte, descobrir)