Um jeito único de ver o mundo...

quarta-feira, 23 de abril de 2014



Hoje, dia de prova na faculdade, matéria “ modelos de administração”, nos trouxe uma questão interessante para a nossa reflexão de hoje.

Se bem me lembro, uma das questões dissertativas da prova, era para comentar sobre a questão da teoria do "Homus Economicus" se ela ainda era válida dentro das atuais da organizações modernas. Você sabe o que é?

Para quem não está familiarizado com esse jargão, “Homus Economicus ou homem econômico”, é um conceito desenvolvido dentro da teoria da Administração Científica, à qual sua ideia central era baseada na ideologia do homem motivado pelo capital. O grande nome e também inventor dessa teoria é o norte-americano Frederick Taylor. 

Taylor antes desenvolver todo esse pensamento muito estudado pelas faculdades, foi um grande observador. No meio de suas intensas observações, Taylor começou a notar as deficiências no modelo das indústrias, e começou a sugerir soluções para tais problemas.

Dentro dessas soluções, Taylor incorporou os métodos científicos e adaptou as indústrias, e segundo o qual nós sabemos, criou novas metodologias de trabalho. Um exemplo clássico disso, podemos ver no filme “tempos modernos” do nosso querido Charles Chaplin, onde vemos que trabalhador era contratado a fazer apenas uma função (mão de obra-especializada), também podemos ver claramente o desempenho da função (tempo padrão e foco na tarefa) são algumas das características da metodologia da Adm Cientifica desenvolvida por Taylor.

Tudo isso claro, foi desenvolvido com um objetivo bem audacioso, aumentar a produtividade com menos gastos, e consequentemente aumentar o lucro do patrão. Lembrando que estamos falando do fim século XIX e começo do XX, lá dos tempos de Revolução Industrial.

Outro fator interessante que devemos nos lembrar, é que nesse período uma grande parcela de pessoas estavam abandonando o campo para virem morar nas grandes cidades. Justificativa? A cidade urbana oferecia melhores condições e oportunidades de crescimento. Na ilusória ideia, muitas famílias partiram em busca dessa arriscada possibilidade.

A ideia do "H
omus Economicus" entra exatamente aqui, nesse contexto, as pessoas eram motivadas basicamente e exclusivamente a trabalharem por dinheiro, diferente do campo, que não tinha nenhuma renda monetária. A ideia era essa “quanto mais trabalha, mais ganha”.

E olha que isso faz mais de um século. 
Me diga uma coisa, essa ideologia não parece familiar para você não?  A mim parece muito! Se pararmos para analisar, a ideologia do Homus Economicus só se intensificou ao longo do tempo. 

Pegando um dado histórico mais antigo, os gregos privilegiavam o trabalho mas como forma de pensamento (ócio), e consideravam como uma nobre arte. Eles não capitalizavam-na, a inteligência não tinha preço. Quem usava o corpo para trabalhos manuais, era considerado um inútil e desfavorecido.

Todavia, a lógica de hoje em dia mudou, vendemos os dois (força e inteligência) em troca de dinheiro. Mais me pergunto, quanto vale o intelecto de alguém? Tem como capitalizá-lo adequadamente?

Claro, outras teorias da foram desenvolvidas, e trazem coisas muito interessantes, e sem dúvidas podemos nos valer delas em numa futura discussão!

Mas o ponto que quero chegar é, mesmo com todo o desenvolvimento dos aparatos tecnológicos, a criação de novas ramificações dentro do mercado de trabalho, o aperfeiçoamento dos processos, e o aprofundamento dos estudos da psicologia, ainda sim somos motivos basicamente pelo recurso capital. Mais porque a necessidade continua igual?

Pessoas desde muito cedo são obrigadas a trabalharem pesadamente (quase que de maneira escrava) para garantirem sua sobrevivência.  E quando digo pessoas, me refiro principalmente as crianças, vítimas da ignorância de seus pais.

E antes de você defender os pobres pais, entendo completamente que em outros tempos, dentro da lógica das famílias do campo, a concepção de ter filhos era essa mesma, os filhos era tidos basicamente com forma de ajuda para seus pais. A opção da mão-de-obra barata e forçada era bastante conveniente para os papais e mamães do campo, infelizmente é o que garantia a continuidade daquela plantação e também da família.

Entretanto, hoje não mais, graças ao avanços de seus ancestrais, muitas famílias já não necessitam desse tipo de escolha. Mais mesmo não precisando, necessitam do recurso financeiro.

De fato, não só eles, como todos nós precisamos. Se dinheiro não fosse tão necessário assim, aposto que a maioria nem esquentaria a cabeça para consegui-lo.  A grande questão que vejo, é que alguns apenas só vivem na busca de tal recurso. Não que seja errado sonhar em ter um conforto melhor, nada disso, (aliás, quem não quer?) O grande X da questão, é que tem pessoas que querem o além do necessário, e por conta disso, só vivem em função dessa busca alucinada. Isso tem um nome, se você não sabe, chamamos de ganância.

A ideia do H
omus Economicus era e é exatamente isso, alimentar a o desejo oculto da ganância dentro dos trabalhadores. A perspectiva que quanto você mais se ferra (trabalha) e se entregar aquele sistema (jornada de trabalho), mais e maior será a sua remuneração no final. Mas as pessoas não percebem que por mais que elas se dediquem 101% de sua capacidade e tempo, quem sairá ganhando todos esses ônus de ouro será no final das contas, o seu patrão. O sistema que pertencemos de forma bem simplista é isso, é a geração de lucro em cima dos demais.

Creio eu, que talvez seja por isso que a ideia do Homus Economicus ainda é tão presente e forte na nossa cultura. Claro que muitas pessoas, principalmente os da minha geração (Y) estão cada vez mais buscando novas possibilidades mais adequadas e desejadas de entrarem nesse modelo. A qualidade de vida passou a ser um referencial importante na hora da escolha. Mas mesmo tendo um ambiente favorável, o investimento financeiro recebido em valor de troca, muitas vezes não vale a pena.

Essa é uma questão difícil, queremos os dois ao mesmo tempo (vida fácil e dinheiro rápido), mais ninguém está disposto a abrir mão de um dos lados.

A concepção da ideia de uma estrada é isso, sempre exigirá que você escolha uma direção! A vida não é diferente, você tem que escolher, se a escolha é por dinheiro, esteja ciente que você faz parte de um sistema que já tem mais de cem anos, e dificilmente será quebrado.

Si não, bom, diria para você estudar um pouco mais sobre os gregos. E mesmo que isso que vou dizer possa parecer contraditório, a antiga arte de trabalhar com o pensamento nunca foi tão valiosa como hoje! Pense nisso...