Um jeito único de ver o mundo...

sábado, 19 de abril de 2014



O êxtase dessa música consome minha mente ferozmente com sua beleza. Não sei como defini-la, os toques suaves e precisos das teclas do piano, misturadas com o fundo instrumental da orquestra, são de uma harmonia sem igual.

Sinto-me ouvido a aquela bela canção e quando fecho os olhos, a sensação que tenho de estar presente, ao vivo, diante daquele musicista faz meu inconsciente delirar em imaginações. 

Engraçado perceber o poder que a música tem mexer com a nossa mente, com os nossos sentidos. Como a música, mesmo sendo aparentemente tão simples e inútil, pode mudar radicalmente nosso estado de espírito.

Em amostras de vídeos pela internet, podemos observar grandes musicistas possuídos pela interpretação da obra de outros grandes gênios.  Essa aparente encarnação, chega a ser tão visceral que o ouvinte chega a arrepiar-se com o tamanho do aprofundamento e performance do tocante. Tento imaginar comigo mesmo o estado contemplativo com o qual esses grandes gênios vislumbravam essa melodia ainda inexistente, porém vivas em sua cabeça. Como será que eles se sentiam?

E muito disso também acontece com nós, meros bípedes mortais, invejosos por convivência, mesquinhos pela desigualdade, somos contemplados muitas vezes a criar o belo, a inventar o inexistente ou admirar o irreal, mas não o fazemos.

E você me questiona, porque não fazemos? Já que temos todo o potencial para tal? Por uma simples razão, esse tal potencial não vem com manual de instruções.  E ainda bem que não vem, pois si não qual seria a graça em viver num mundo cheio de brilhantes gênios padronizados?

Na realidade (não sei se você ainda não percebeu), mas já vivemos num meio cheio de gênios.A parte chata da história é que a grande maioria desses gênios estão adormecidos por sua passividade e contaminados com pela mediocridade de outros gênios fracassados. Uma pena! O mundo perde tanto com isso.Sorte que ainda nos deparamos com vários casos e vemos que a potência da genialidade é desenvolvida numa certa singularidade que nos encanta.  E isso é a grande beleza de nossa espécie. Somos seres pluralizados!

Somos convidados em diversos momentos a descobrir essa tal potência. O grande pensador Espinosa dizia em sua obra que, quando encontramos e desenvolvemos nossa potência temos uma elevação do “poder de agir”, ou seja, passamos para um estado mais potente de ação.  Podemos considerar isso como um estado de excelência.De fato, outras linhas de pensamento filosófica com a aristotélica aprofundam muito mais a reflexão sobre a excelência. Porém este é assunto para um outro post.

Você pode me perguntar novamente, mas Vinicius, como achamos ou descobrimos nossa potência? Como despertamos essa tal genialidade? Olha, essas são questões boas para serem pensadas e refletidas, porém meu caro, ainda não tenho tais respostas. Já tento procurar no Google? Se já, sinto lhe informar, mas está perdendo seu tempo. Mas posso te dar uma dica (se quiser claro), comece a observar melhor você e as coisas que te rodeiam. Não vai ser a solução definitiva, contudo, isso já será um belo passo na direção dessa tua interrogação.  


Voltando a nossa reflexão, e ainda me utilizando de Espinosa para minha construir minha linha de raciocino, creio que grandes obras só foram produzidas porque seus autores alcançaram esse estado elevado da potência. Seu estado foi elevado a um estado de plenitude criativa.

Claro. não podemos desconsiderar outras hipóteses, com dons recebidos da divindade ou qualquer outra teoria. Mas convenhamos, a ideia de Espinosa é muito mais legal


Talvez seja por isso quando nos deparamos com algo tão belo nos sentimos tão pequenos e incapazes diante da grandeza e imensidão de sua obra. E por isso me sinto tão pequeno ouvindo esta bela música, e tão contemplado com a sua vastidão. Um texto de um grande autor não é diferente.

Palavras são tão belas e grandes como notas musicais, a beleza não está em quem as escreve e sim no entendimento de quem as ouvem!

Será que conseguiremos chegar a esse estado? Será que pessoas sentiram aquilo que os gênios sentiram? A única certeza que tenho é que a minha bela música está chegando ao final, então com licença, pois não estou afim de perder o seu gran finale...