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sexta-feira, 18 de abril de 2014



O filme Iris retrata a vida da escritora romancista e filósofa britânica Iris Murdoch (1919 - 1999), baseado em dois livros biográficos escritos por seu marido
(A Memoir e Elegy for Iris), o também escritor e professor John Bayley.

O filme de gênero dramático, dirigido pelo diretor Richard Eyre conta a vida e a história da brilhante Iris interpretada por Kate Winslet (na fase jovem) e Judi Dench (nos derradeiros dias)que desenvolveu a doença de Alzheimer e mostra detalhadamente cada etapa do avanço da doença. Iris é uma filosofa apaixonada pelas palavras e seus significados.Destaca-se no meio de suas colegas pela desenvoltura e pela lucidez de suas ideias.


Iris começa chamar a atenção de todos inclusive de seu futuro marido, o jovem professor  de literatura John Bayley interpretado por (Hugh Boneville quando jovem) e (Jim Broadbent na idade avançada). O jovem John se encanta pela lucidez e carisma da jovem filosofa e futura escritora.

O tempo passa, e a jovem Iris começa a se a apaixonar também pela ingenuidade do jovem professor. Contudo, John percebe que sua amada vive num mundo paralelo, um mundo das ideias, um mundo onde só ela sabe, um mundo secreto dentro de sua cabeça. Ao mesmo tempo a jovem filosofa começa a escrever diversos romances, porém, nunca havia mostrado a ninguém. O receio a sua obra transparência tanto, que ela mesma dava impressão que não acreditava no que havia escrito.   



Em um trecho, Iris resolve mostra e dar o rascunho de seu romance a John ler. John, após ter lido seu rascunho, tece lindos comentários sobre sua obra e sua pessoa:  

“ Tudo o que você faz, o que diz, escreve, você faz sublimemente, e assim será a vida inteira, no que quer que faça.”

O filme é contado em duas perspectivas, uma na vida mais avançada e outra passada na juventude, onde os dois se conheceram. Recortes entre cenas, lembrando um flash back da memória, fazem resgatar da lembrança de Iris e do próprio John os momentos mais íntimos e amorosos que tiveram juntos.

Apesar do filme ser narrado na maioria do tempo na fase longeva, é interessante essa transição e colagem entre as fases. Com o decorrer do filme, vamos conhecendo melhor o porquê eles ficaram juntos. Iris após os anos, torna-se uma renomada e reconhecida romancista da Inglaterra, seus livros são um sucesso, e ela passa a ser considerada uma celebridade por suas obras.  É convidada a dar palestra e entrevistas sobre seus livros. Sua opinião nesse momento tem grande peso e impacto para aqueles que os ouvem. Todos se encantam novamente por suas palavras. John senti o mesmo, sempre o acompanha  e senti imenso orgulho pela lucidez da amada.

Logo no começo do filme, a autora é solicitada a dar uma opinião sobre a educação, e ela fala esta belíssima citação:



“ A educação não trás felicidade e nem liberdade. Não nos tornamos felizes por somos livres, se somos, ou porque somos educados, se fomos, mais porque a educação pode ser um meio pelo qual percebemos que somos felizes. Abre nossos olhos e ouvidos, nos contam a onde se escondem os prazeres, nos convence que só existe uma liberdade, aquela que realmente importa, aquela da mente, e nos da segurança a confiança para trilhar o caminho da mente, que nossa mente educada proporciona." 

Achei isso de uma beleza e lucidez admirável.

Porém, o sucesso da velha escritora começa a se desmanchar. Iris que agora estava trabalhando em seu novo livro, começa a ter relapsos e perdas de memória. Aparentemente ela acha que não é nada, porém isso gradativamente começa a piorar. John começa a perceber os seus sinais de esquecimento e chama um médico para examina-la. O doutor não dá boas notícias, após exames, Iris é constatada com a doença de Alzheimer. Seu estado começa a se deteriorar rapidamente, e apenas as lembranças do passado sobre a juventude começam aparecer.  Ela se esquece do presente, parece um zumbi, uma pessoa muda, sem sentido, sem direção. Outrora, a própria Iris pensava que ainda estava vivendo sua juventude.
John entra numa profunda tristeza, pois não reconhece mais a mulher brilhante com o qual havia se casado. Ele tenta estimulá-la a voltar a escrever, contudo seu estado mental já estava num nível de demência avançado.

A história nessa parte é bastante triste, pois sentimos o sofrimento daquele velho professor. A impotência de não saber o que fazer consome John até o seu âmago. 


O que me chama atenção nessa parte, é que mesmo após longos anos, John ainda admira e fica na esperança de recuperar a inteligência de sua amada pela qual ele se apaixonou perdidamente. Nesse momento, ele acha que ela está realmente vivendo em seu mundo imaginário.

Esse amor é algo realmente invejável. Fica a reflexão nossa, será que conseguiríamos amar alguém assim durante tanto tempo? Mesmo neste estado? O que você acha? O que faria?

Naturalmente o final é mais trágico ainda, MAS, não vou contá-lo aqui. (para sua alegria ou tristeza) Recomendo muito filme, pois achei uma bela história, uma história comovente, sensível, e uma atuação realmente impecável dos atores. Apesar de ser um filme curto, a sensação que dá é que ele passa-se em 5 minutos.

Para quem gosta de um bom romance cheio de drama, e essa é uma dica imperdível!

E se você já assistiu, ou vai assistir por essa indicação, deixe suas impressões sobre o filme!


Link do filme legendado do youtube:
https://www.youtube.com/watch?v=6nS7TjRt6Wg

Ficha técnica:

Título no BrasilIris
Título OriginalIris
Ano de Lançamento
GêneroDrama
País de OrigemReino Unido / EUA
Duração91 minutos
Direção
Estúdio/Distrib.Playarte