Um jeito único de ver o mundo...

domingo, 27 de julho de 2014



Será que quando estamos com alguém estamos inteiramente? Será que realmente queremos estar ali? O que nos fez ficar ali justamente com aquela pessoa? E porque ela, não outra? E porque outra e não ela?

O que o outro significa para você? O que eu sinto é o mesmo que o outro senti? É o mesmo que você senti? Quase sempre nunca é. E porque não costuma ser?

Relacionamentos começam, relacionamentos terminam e a gente quase nunca sabe qual o real sentido daquilo tudo. Sempre me pergunto, essas coisas precisam ter sentido?
Minha suposta tese é que a intensidade de desilusão sempre se manifesta mais radicalmente naquele que mais se perde na expectativa do outro.

Gosto da ideia de se perder, mas não em expectativas. Certa vez li em algum livro que toda expectativa é uma forma de desilusão, e desde então passei a concordar. Tento não mais cair nessas armadilhas. Penso eu que hoje sou desprendido desse male.

Mas não estou imune a tal conspiração. Já criei expectativas enormes em cima certas pessoas e sempre acabei desapontado. Talvez isso fez com que minha tese fica-se mais viva e concisa dentro mim.

A expectativa mata qualquer ansioso(a). Em matéria de romance, parece que essa característica só aumenta. E viver ansiosamente convenhamos, é uma droga. A hora não passa, o clima não ajuda, as palavras embaralham-se.

A expectativa disfarçada tem o seu pior lado, é o lado que projetamos aquilo que a pessoa deveria ser para nós. Projetamos o nosso idealismo inconsciente de um par ideal. Esse idealismo ilusório do "par perfeito" que aprendemos apreciar, porque afinal, parece ser o melhor e o mais bonito para a sociedade.

Mas quando acaba, você logo vê que o que restou foi apenas expectativas que você mesmo criou. Normalmente acaba porque você ou ela não atingiu a tal expectativa supostamente imposta pelo outro. E você esperto(a) como sempre, passará para a próxima história e inevitavelmente acontecerá o mesmo, subsequente os fatos se repetem e você mesmo assim insiste em não perceber. A maioria das pessoas insistem em não perceber as coisas. Por isso acabam se dando tão mal. Tornam-se pessoas ressentidas e rancorosas da sua própria ignorância.

Relacionamentos não possuem fórmulas certas, isso é fato. É óbvio, é na tentativa e erro, mas julgar uma possível nova relação por desastres do ocorridos no passado, ao meu ver é uma tremenda falta de insegurança e imaturidade.

Coisas podem repetir, mas elas só repetiram se nós permitimos.

E porque elas costumam virar aquilo que era no passado? Porque projetemos a presença do outro anterior ou daquela que tivemos como referência afetiva mais intensa em nossa vida no parceiro atual. Isso é tremenda bobagem. A comparação é inevitável, eu sei, mas enquanto não entendermos que cada história é uma história e que cada um possui a sua particularidade não conseguiremos progredir afetivamente.

Por isso gosto tanto da ideia de se perder. Quero me perder na particularidade do outro, naquilo que ele tem mais de especial. Quero que o outro ao se perder se encontre em mim. Mas me encontre de modo puro, singelo e verdadeiro. Quero que se enxergue em mim, e não apenas se veja ao meu lado. Desejo que ao se enxergar que sinta a importância que ele tem sobre mim.

Mesmo que não descubra de imediato, paulatinamente quero que a perdição seja mútua, vire mistura descomunal, uma mescla de encontros e acasos, uma troca compartilhada que só nós saberemos. Porque se perder tentando se encontrar verdadeiramente com outro é a melhor forma de se encontrar...