Será que quando estamos com alguém estamos
inteiramente? Será que realmente queremos estar ali? O que nos fez ficar ali
justamente com aquela pessoa? E porque ela, não outra? E porque outra e não
ela?
O que o outro significa para você? O que eu
sinto é o mesmo que o outro senti? É o mesmo que você senti? Quase sempre nunca
é. E porque não costuma ser?
Relacionamentos começam, relacionamentos terminam e
a gente quase nunca sabe qual o real sentido daquilo tudo. Sempre me pergunto,
essas coisas precisam ter sentido?
Minha suposta tese é que a intensidade de desilusão
sempre se manifesta mais radicalmente naquele que mais se perde na expectativa
do outro.
Gosto da ideia de se perder, mas não em
expectativas. Certa vez li em algum livro que toda expectativa é uma forma de
desilusão, e desde então passei a concordar. Tento não mais cair nessas
armadilhas. Penso eu que hoje sou desprendido desse male.
Mas não estou imune a tal conspiração. Já criei expectativas enormes em cima certas pessoas e sempre acabei desapontado. Talvez isso fez com que minha tese fica-se mais viva e concisa dentro mim.
Mas não estou imune a tal conspiração. Já criei expectativas enormes em cima certas pessoas e sempre acabei desapontado. Talvez isso fez com que minha tese fica-se mais viva e concisa dentro mim.
A expectativa mata qualquer ansioso(a). Em matéria
de romance, parece que essa característica só aumenta. E viver ansiosamente
convenhamos, é uma droga. A hora não passa, o clima não ajuda, as palavras
embaralham-se.
A expectativa disfarçada tem o seu pior lado, é o
lado que projetamos aquilo que a pessoa deveria ser para nós. Projetamos o
nosso idealismo inconsciente de um par ideal. Esse idealismo ilusório do
"par perfeito" que aprendemos apreciar, porque afinal, parece ser o
melhor e o mais bonito para a sociedade.
Mas quando acaba, você logo vê que o que restou foi
apenas expectativas que você mesmo criou. Normalmente acaba porque você ou ela
não atingiu a tal expectativa supostamente imposta pelo outro. E você
esperto(a) como sempre, passará para a próxima história e inevitavelmente acontecerá
o mesmo, subsequente os fatos se repetem e você mesmo assim insiste em não
perceber. A maioria das pessoas insistem em não perceber as coisas. Por
isso acabam se dando tão mal. Tornam-se pessoas ressentidas e rancorosas da sua
própria ignorância.
Relacionamentos não possuem fórmulas certas, isso é
fato. É óbvio, é na tentativa e erro, mas julgar uma possível nova relação por
desastres do ocorridos no passado, ao meu ver é uma tremenda falta de
insegurança e imaturidade.
Coisas podem repetir, mas elas só repetiram se nós
permitimos.
E porque elas costumam virar aquilo que era no
passado? Porque projetemos a presença do outro anterior ou daquela que tivemos
como referência afetiva mais intensa em nossa vida no parceiro atual. Isso é
tremenda bobagem. A comparação é inevitável, eu sei, mas enquanto não
entendermos que cada história é uma história e que cada um possui a sua
particularidade não conseguiremos progredir afetivamente.
Por isso gosto tanto da ideia de se perder. Quero
me perder na particularidade do outro, naquilo que ele tem mais de especial.
Quero que o outro ao se perder se encontre em mim. Mas me encontre de modo
puro, singelo e verdadeiro. Quero que se enxergue em mim, e não apenas se veja
ao meu lado. Desejo que ao se enxergar que sinta a importância que ele tem
sobre mim.